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PIPA estreia com EP “Ela, o mar e eu” e mergulha no amor entre mulheres

Com indie rock e MPB, Pipa celebra afetos lésbicos em seu primeiro EP autoral e sensível

No dia 4 de julho, a artista baiana PIPA lança seu primeiro trabalho solo: “Ela, o mar e eu”. O EP reúne quatro faixas escritas por compositoras e mergulha com sensibilidade no universo dos amores entre mulheres, embalado por arranjos que transitam entre o indie rock e a MPB. Gravado em Vitória da Conquista, com produção de Diego Oliveira, o trabalho também marca o início de uma nova fase artística para Pipa — mais íntima, mais autoral, mais dela.

Conversamos com a artista sobre o processo de criação, o impacto da Lei Paulo Gustavo na realização do projeto e os desafios de se apresentar ao mundo como cantora, compositora e baterista solo. Confira abaixo a entrevista completa:

Amistura.: Pipa, esse novo EP chega em um momento muito especial da sua trajetória. Como você descreveria essa fase atual da sua carreira?

A verdade é que ainda tô processando tudo (risos). Quando comecei a compor, não tinha planos de lançar nada. Era algo íntimo, sem pretensões. Mas com o tempo, fui cantando, me ouvindo e a ideia de reunir essas canções foi ganhando forma.

O nome “Ela, o mar e eu” já estava ali desde o começo, porque todas as músicas pareciam falar da mesma coisa — desse universo afetivo entre mulheres. Quando o projeto se desenhou de verdade na minha cabeça, virou desejo. E agora está se concretizando, graças à aprovação na Lei Paulo Gustavo, o que deixou tudo ainda mais especial.

Tô muito feliz. Esse é um momento simbólico — e vai ser ainda mais bonito poder apresentar o EP no Suiça Baiana, agora com as músicas lançadas e as pessoas podendo chegar mais perto da minha história.

Juninho Andrade

2. Como foi o processo de criação e produção desse projeto? O que você quis transmitir com essas músicas?

Foi um processo longo — na verdade, começou em 2021, quando surgiram as primeiras composições. Na época, eu ainda não pensava em lançar essas músicas, mas em 2022 as coisas começaram a ganhar forma. Fui tocando em alguns lugares, sentindo o retorno das pessoas, e aí a ideia do EP foi nascendo na minha cabeça.

Três das faixas já existiam desde o início. A quarta entrou depois, por conta dos critérios do edital da Lei Paulo Gustavo, que pedia composições de mulheres. Inclusive, essa faixa que entrou é uma parceria com Marlua e Fernanda Conegundes, que acabou substituindo outra que estava no projeto original, feita com o Marcos Marinho.

A capa também é de 2022, feita pelo artista Flávio Almeida, aqui de Vitória da Conquista. E o projeto como um todo foi ganhando corpo em 2023, quando a gente escreveu pra Lei Paulo Gustavo — não fomos aprovados de cara, mas fomos chamados na suplência em 2024.

Foi tudo feito a muitas mãos, com uma equipe majoritariamente feminina, formada por pessoas LGBTQIA+ e artistas da cidade. E mesmo agora, com o EP prestes a sair, ainda estamos aprendendo, experimentando e descobrindo juntos como é colocar um trabalho autoral nesse tamanho no mundo.

3. Tem alguma faixa que você destacaria como a mais simbólica pra você nesse momento?

Sim, e é curioso porque essa faixa nem era minha favorita no início. Ela se chama Íris Negra e foi a última a entrar no EP — uma parceria minha com Marlua e Fernanda Conegundes. Diferente das outras três, que já existiam, ela surgiu em 2023 e era um reggae! E eu bati o pé desde o começo: “Não vou colocar um reggae nesse EP” (risos). Mas também não queria deixar a música de fora, então propus mudar completamente a levada.

Foi um desafio. A gente tinha pouco tempo pra trabalhar os arranjos, e todo mundo ficou meio apreensivo. Mas aí a Andresa, que é a baixista, criou uma linha de baixo nova — e foi a partir dela que a música começou a ganhar vida. Construímos os arranjos coletivamente, e ela acabou se tornando minha queridinha.

Durante a gravação, eu não consegui acompanhar tudo de perto, então tinha esse mistério no ar. Mas quando ouvi o resultado final… foi mágico. Ela realmente se transformou, e hoje vejo como uma das faixas mais especiais do EP. Foi feita por mãos muito queridas, com muito afeto. Acho que vai ser uma das grandes surpresas do disco.

4. Quais são os próximos passos após o lançamento do EP? Podemos esperar clipes, shows ou mais lançamentos ainda esse ano?

Agora o foco é apresentar esse trabalho pro mundo, sabe? É meu primeiro lançamento solo — não tem single anterior, não tem clipe ainda — então é também meu “debute” como artista. Muita gente aqui na cidade me conhece como instrumentista, e é um desafio me colocar nesse novo lugar de frente do palco.

O próximo show confirmado é no Suiça Baiana, que faz parte do próprio projeto cultural, e estamos tentando organizar um outro evento antes, junto com a banda Há Vida Em Marte, com quem já toquei. Ainda não tem data definida, mas estamos trabalhando nisso.

Sobre clipe, a ideia é lançar Quando Você Dança, mas ainda estamos vendo a melhor forma de viabilizar. Também existe um clipe pronto de outra música do EP, mas é de uma versão diferente, então estamos avaliando se faz sentido soltar agora.

Por enquanto, todos os esforços estão voltados para esse lançamento e para me afirmar como artista solo. É um momento de plantar, com muito cuidado e intenção.

5. Por fim, deixa um recado pra quem está lendo essa entrevista e ainda não deu o play em PIPA.

O recado que eu deixo é: valorize e apoie a arte local, a música independente, principalmente feita por mulheres — sejam cantoras, compositoras, instrumentistas ou produtoras. A diversidade é fundamental na música. A gente precisa de mais mulheres contando suas histórias, ocupando os palcos, as mídias, os bastidores.

Esse EP é sobre isso também — sobre enaltecer a feminilidade, os afetos, os amores entre mulheres, mas também as amizades, as parcerias, a sensibilidade. Ouvir esse trabalho é apoiar tudo isso. Então, se puder, dá o play com o coração aberto.

 

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amistura

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